Vinte e seis unidades de saúde, das 39 inicialmente destruídas pelo conflito armado em Cabo Delgado, permanecem encerradas, conforme informou o secretário de Estado daquela província no norte de Moçambique. Os distritos mais afetados pelos ataques insurgentes, como Macomia, Quissanga, Muidumbe, Mocímboa da Praia e Palma, ainda enfrentam o encerramento de várias instalações de saúde.
António Supeia, ao falar à imprensa durante o Conselho Coordenador Provincial da Saúde realizado na capital provincial de Pemba, destacou o impacto negativo dos ataques terroristas no setor da saúde. Ele também prestou homenagem aos profissionais de saúde que têm demonstrado sacrifício, dedicação e conhecimento ao fornecer cuidados de saúde mesmo em meio aos desafios.
As unidades de saúde encerradas são essenciais para a população, especialmente aquelas que estão retornando às suas áreas de origem após terem sido deslocadas devido ao conflito. Para preencher essa lacuna, brigadas móveis têm sido fundamentais no atendimento às populações afetadas.
Cabo Delgado enfrenta a insurgência armada há quase seis anos, com ataques frequentes atribuídos a grupos extremistas, incluindo aqueles reivindicados pelo Estado Islâmico. Além de causar um impacto humanitário significativo, a insurgência também tem afetado o avanço de projetos de produção de gás natural na região.
As Forças Armadas de Defesa de Moçambique têm lutado contra o terrorismo na região, e desde julho de 2021, receberam apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) para combater a insurgência. Apesar dos esforços para estabilizar a situação de segurança, novos ataques, como o ocorrido recentemente em Mocímboa da Praia, continuam a levantar preocupações.
O ataque em Mocímboa da Praia ocorreu menos de um mês após o anúncio da eliminação do líder do terrorismo no país, Bonomade Machude Omar, e outros líderes do grupo extremista, pelo chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas de Moçambique. O líder extremista era conhecido por sua brutalidade e estava na lista de “terroristas globais” dos Estados Unidos, sujeito a sanções da União Europeia.
O conflito em Cabo Delgado já causou cerca de um milhão de deslocados, de acordo com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e aproximadamente 4.000 mortes, de acordo com o projeto de registo de conflitos ACLED. O Presidente moçambicano reconheceu a existência de “mais de 2.000” vítimas mortais devido ao conflito. A situação continua sendo uma preocupação humanitária e de segurança na região.