A Agência Lusa reporta que devido à falta de fundos, o Programa Alimentar Mundial (PAM), uma agência das Nações Unidas, reduziu a assistência a pelo menos 418.630 pessoas afetadas pela violência armada na região de Cabo Delgado, no norte de Moçambique.
Desde abril de 2022, o PAM vem distribuindo quantidades reduzidas de alimentos e agora está focando sua assistência com base no grau de vulnerabilidade em pelo menos quatro distritos de Cabo Delgado, conforme revelado em um relatório da organização citado pelo jornal Notícias.
A organização observou que “a insegurança alimentar aguda tem aumentado nos últimos anos na região norte, à medida que o conflito e os deslocamentos contínuos, juntamente com choques climáticos e econômicos, perturbam as atividades agrícolas e o poder de compra das comunidades”.
Em colaboração com as autoridades locais, o PAM planeja gradualmente expandir a assistência com base na vulnerabilidade para mais cinco distritos da província.
Em fevereiro, o PAM suspendeu a ajuda de emergência a mais de um milhão de pessoas afetadas pela violência armada no norte de Moçambique, também devido à falta de fundos.
A organização informou que ofereceu cursos a 1.368 pessoas para estimular o empreendedorismo e notou que pelo menos 690.400 pessoas enfrentam níveis de insegurança alimentar de crise, de acordo com a avaliação da Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar.
Além disso, o PAM está colaborando com o Instituto Moçambicano de Gestão de Desastres para ativar e implementar planos de mitigação em resposta ao risco de secas em várias regiões de Moçambique.
A província de Cabo Delgado enfrenta uma insurgência armada que já dura quase seis anos, com alguns dos ataques sendo reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico. As Forças Armadas de Defesa de Moçambique têm combatido o terrorismo no terreno desde julho de 2021, com o apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC). O conflito já resultou em aproximadamente um milhão de deslocados, segundo o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, de acordo com o projeto de registo de conflitos ACLED, embora o Presidente moçambicano tenha admitido recentemente “mais de 2.000” vítimas mortais.